quarta-feira, 14 de abril de 2010

Caso conseguiu enganar a polícia por muito tempo e jovens continuavam sumindo


Quando assistia aos noticiários, ele comentou: “Eita! Se pegam o cara que desapareceu com esses jovens, ele está enrolado”. A frase teria sido dita pelo pedreiro Adimar Jesus da Silva a um sobrinho, duas semanas antes de ser descoberto pela polícia. Por 101 dias, as mães procuraram incansavelmente seus meninos. O que elas não imaginavam era que o perigo morasse tão perto de suas casas. Adimar ocupava um barraco de madeira na Rua 29 do Parque Estrela Dalva 4. A primeira vítima, Diego Alves Rodrigues, 13 anos, morava no mesmo bairro, a 300 metros da casa do pedreiro.

“A gente imaginava que uma quadrilha tivesse raptado os meninos para longe. Jamais passou pela minha cabeça que o criminoso estaria tão perto de nós”, disse a irmã de Diego, a dona de casa Gláucia Gomes de Souza, 24 anos. A reportagem do Correio marcou de carro a distância entre a casa do acusado até a residência dos rapazes, local de trabalho ou pontos que os meninos gostavam de frequentar. Paulo Victor Vieira, 16 anos, era o que morava e trabalhava mais distante do assassino confesso (veja arte). Residia no Setor Fumal, no centro de Luziânia, e trabalhava na Avenida Alfredo Nasser, em uma lanchonete ao lado do hospital regional da cidade. Desse ponto, em linha reta, são 2km até a casa de Adimar, que agora está vazia. Se percorrido de bicicleta, o caminho pode ser feito em 15 minutos. Entretanto, Paulo Victor foi visto pela última vez pagando uma conta de luz no Parque Estrela Dalva 7, bairro ainda mais próximo da residência do acusado.

Márcio Luiz de Souza Lopes, 19 anos, foi o último a sumir, em 22 de janeiro. O jovem morava na Rua 20 do Parque Estrela Dalva 4, distante 700 metros do pedreiro. “Para mim, ele sabia quem eram os parentes e onde cada menino morava”, acredita a irmã de Márcio, a dona de casa Lúcia Maria Souza Lopes, 25 anos.

Nem mesmo o desespero das mães comoveu o suposto assassino, que passeava pelo bairro com tranquilidade. O pai de Márcio, o vigilante José Luiz da Silva Lopes, 50 anos, disse que chegou a consumir bebida alcoólica com o pedreiro, semanas antes da prisão dele. A dona de casa Sirlene Gomes da Silva, mãe de George dos Santos, 17 anos, chegou a pedir ao pedreiro informação de onde poderia encontrar aluguel no Parque Estrela Dalva 4. George desapareceu quando foi visitar a namorada, que mora no mesmo bairro do acusado. “Da casa dela até a do pedreiro dá menos de cinco minutos a pé”, afirmou a mãe da vítima.

O criminoso confessou seis assassinatos, em Luziânia.

O material genético deve ajudar a identificar vítimas está em Brasília.

O depoimento do pedreiro que confessou ter matado os seis jovens, em Luziânia (GO), foi longo e acabou na madrugada da terça-feira (13/04). Ele foi ouvido em Goiânia. Segundo a polícia, ele deu versões contraditórias sobre os assassinatos.

“O interrogatório não é coerente. Ele tenta minimizar a ação, em razão de ser contestado por todos. Ele tenta criar motivação para os crimes, para justificar o que é injustificável”, disse o delegado Juraci José Pereira.

Ainda de acordo com a polícia, ele confirmou que atraía os jovens oferecendo dinheiro ou drogas. O depoimento foi acompanhado por senadores da CPI da Pedofilia.


Entre as vítimas, Diego, de 13 anos, foi o primeiro a desaparecer, em dezembro do ano passado. Depois sumiram Paulo Victor, de 16 anos, George, de 17, Divino, de 16, Flávio, de 14, e Márcio Luiz, de 19 anos.

O pedreiro foi preso no último sábado (10). Com a ajuda dele, os corpos foram encontrados em uma fazenda em Luziânia. O material genético que deve ajudar no reconhecimento das vítimas chegou a Brasília.

Ele teria começado a cometer os crimes exatamente uma semana depois de receber o benefício de progressão de regime.

"O Estado falhou, ou seja, o poder público foi inerte, foi omisso, em uma situação em que gerou praticamente essa calamidade lá em Luziânia", diz o juiz criminal Jesseir Coelho.

O juiz Luiz Carlos de Miranda, que deu a liberdade ao pedreiro, informou, em nota, que o exame psiquiátrico não apontou doença mental, nem necessidade de remédios controlados e que, por isso, o Ministério Público também foi a favor da liberdade.

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