quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Tenente Coronel Wilquerson é favorável à proibição de bebida após as 23 horas


Para conter o aumento nos índices de criminalidade em Várzea Grande, o Comando Regional da Polícia Militar local propôs criar uma espécie de "Lei Seca", nos aos bares e casas noturnas da cidade.

A idéia partiu do comandante regional, tenente-coronel Wilkerson Felizardo Sandes, que se baseou em experiências realizadas na cidade de Diadema (SP) e em Bogotá, capital da Colômbia, onde a restrição da venda de bebida alcoólica diminuiu consideravelmente o índice de violência.

A proposta da "Lei Seca" é fechar bares e restaurantes a partir das 23h, na Cidade Industrial.

A PM está mapeando os bairros mais violentos de Várzea Grande. Se a proposta se transformar em lei, bares e lanchonetes terão que fechar as portas das 23h às 6h.

"Na prática, é o fechamento, sim, de estabelecimentos, principalmente aqueles que estão operando apenas com a venda de bebidas alcoólicas. Além disso, muitos locais funcionam como ponto de distribuição de drogas", explicou o comandante.

Dados da Polícia mostram que 50% dos homicídios - 62 de um total de 124 - registrados em 2011 ocorreram em bares, lanchonetes ou em imediações de locais onde havia venda e consumo de bebidas alcoólicas.

Violência crescente

O Mapa da Violência de 2010, divulgado no último dia (14) pelo Instituto Sangari, com base em informações do Ministério da Justiça e do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, mostra que, enquanto a taxa de homicídios caía em Cuiabá na última década, em Várzea Grande ela caminhava em direção oposta.

Na Cidade Industrial, segunda maior cidade do Estado, com 252,5 mil habitantes, as taxas passaram de 39 para 55,4 homicídios em 100 mil, ultrapassando em níveis de violência, inclusive, na Capital.

O fato é que, além do acréscimo das mortes, Várzea Grande compõem ainda a lista dos 200 municípios que mais apresentaram registros de homicídio, entre os anos 2008 e 2010.

Com menos de um mês à frente do comando da Polícia Militar em Várzea Grande, o coronel Wilkerson Felizardo Sandes está propondo uma medida um tanto polêmica para tentar diminuir o alto índice de criminalidade no município.

Uma de suas propostas é proibir a venda de bebidas alcoólicas em bares e outros estabelecimentos após as 23 horas. Segundo ele, grande parte das ocorrências que a PM recebe tem a ver com o uso de drogas, tanto as ilícitas quanto as lícitas - e entre estas o álcool.

As ocorrências envolvendo famílias, por exemplo, geralmente se devem ao consumo de álcool. "Acredito que a restrição da bebida alcoólica irá diminuir o número de ocorrências e, conseqüentemente, os homicídios", diz ele.

O coronel Wilkerson assumiu o Comando Regional II da PM no lugar do coronel Pery Taborelli, conhecido por ser "linha dura" frente à corporação em Várzea Grande.

Parecendo seguir o mesmo caminho que Taborelli, o novo comandante afirma que o projeto deve ser apresentado para apreciação dos vereadores na primeira audiência da Câmara após o recesso. Caso seja aprovada, a princípio a medida deve ser aplicada nas áreas consideradas críticas.

O vereador Wanderley Cerqueira acredita que a medida é muito polêmica e irá causar opiniões divergentes.

Por isso, ele diz que uma audiência pública deve ser realizada antes da votação.

"Como é um projeto polêmico, nós temos que ouvir a sociedade para não tomar nenhuma decisão precipitada", pondera.

Outro vereador que também defende a audiência pública é Antonio Cardoso. Segundo ele, o projeto é bom, mas se discutido com a população fica mais seguro tomar uma decisão.

No entanto, os comerciantes parecem não aprovar este projeto, já que muitos terão seu lucro reduzido.

José Augusto, proprietário de um pequeno restaurante em Várzea Grande, diz que se esta medida chegar mesmo a entrar em vigor, ele terá que buscar outra forma de manter a família, já que o carro-chefe de seu negócio é a comercialização de bebidas alcoólicas.

"Como eu vou sustentar minha família podendo vender [cerveja] só até as onze horas da noite?", questiona.

Atualmente, uma ação comandada pela PM em parceria com a Guarda Municipal de Várzea Grande, intitulada de "Álcool Zero no Trânsito", vem inibindo o uso de álcool por motoristas.

A abordagem é feita nos principais pontos do município, com o auxílio do bafômetro.

Segundo o coronel, caso um motorista seja pego alcoolizado, além de ser preso, seu carro e sua carteira de motorista são apreendidos, mesmo que esse indivíduo se recuse a fazer o teste do bafômetro, porém aparente ter feito uso de álcool.

Menor infrator receberá uma atenção especial


Para o coronel Wilkerson Felizardo Sandes, os bares e outros tipos de estabelecimento de Várzea Grande podem vender outros produtos que também dão dinheiro após as 23 horas. "Os comerciantes, ao invés de vender só bebida alcoólica, podem vender lanches, por exemplo", afirma ele.

Além dessa restrição, Wilkerson também tem outros projetos. Mesmo com pouco tempo no comando, ele já constatou que grande parte dos envolvidos nas ocorrências, tanto de homicídio, quanto de tráfico de drogas furto e outros crimes, é de jovens com idade entre 10 e 15 anos.

Por causa disso, sua intenção é saturar as áreas críticas; reduzir a impunidade, identificando os acusados e prendendo-os; buscar uma parceria com o governo municipal para realizar projetos sociais, com a intenção de reduzir o envolvimento de crianças na criminalidade e promover palestras educativas para os pais dessas crianças, acreditando que a família é um espelho para o jovem.

Pensando nisso, a PM de Várzea Grande, juntamente com o Ministério Público e a Secretaria de Justiça, inicia os trabalhos, e deve deflagrar, já no começo do próximo ano, uma operação para desarticular as bocas de fumo do município, e também para ajudar os usuários de drogas a se reinserir na sociedade.

Segundo Wilkerson, os usuários encontrados nas bocas de fumo serão levados para a delegacia, onde farão um cadastro e serão atendidos por médicos. Após este procedimento ele será encaminhado para o Hospital Adauto Botelho, onde ficará internado por sete dias para desintoxicação. Passado este período, poderá escolher e fazer um tratamento e tentar se reinserir na sociedade, ou desistir e voltar para as ruas.

"Somente depois de limpa é que a pessoa pode responder por si. Antes disso, para ser feita a internação os médicos vão dar um laudo dizendo que o indivíduo não tem capacidade mental de responder por seus atos", explica.

A expectativa da população várzea-grandense é que o "novato" dê continuidade ao trabalho de Taborelli, que saiu bem avaliado por grande parte do município pelas ações e projetos que desenvolveu quando estava à frente do comando.

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