segunda-feira, 23 de maio de 2011

Naufrágio de barco no lago Paranoá já fez quatro vítimas fatais




O Corpo de Bombeiros suspendeu nesta segunda-feira as buscas por vítimas do naufrágio de um barco no lago Paranoá, em Brasília, ocorrido na noite de ontem. Dois corpos foram encontrados na tarde de hoje, totalizando quatro mortos até agora, dentre eles uma mulher e um bebê de sete meses.

As buscas serão retomadas amanhã. O número de desaparecidos pode chegar a sete. Os dois corpos resgatados nesta tarde foram encaminhados ao IML.

As buscas por desaparecidos foram prejudicadas pela baixa visibilidade no lago, que hoje está em menos de um metro. Os trabalhos estão concentrados no local do acidente e no trajeto que ele faria, sentido Lago Norte.

Ao menos 25 mergulhadores foram mobilizados. Também são feitos mergulhos no naufrágio para o recolhimento de materiais --um papel com a lista de passageiros foi encontrado entre os destroços.

O comandante Rogério Leite, da Delegacia Fluvial de Brasília, informou que o barco tinha rachadura em um de seus tubulões --estruturas que auxiliam na flutuação das embarcações. Mergulhadores foram até o barco "Imagination", que está a 17 metros de profundidade, e constataram a rachadura.

Leite não informou o tamanho da avaria nem se ela pode ser apontada como a causa do naufrágio. Segundo ele, o comandante do barco poderia nem saber da existência da rachadura, já que os tubulões ficavam submersos.

No momento do acidente, por volta das 21h, quatro homens da Marinha eram responsáveis pela fiscalização do lago. Leite afirmou que o número era suficiente para a fiscalização e estava dentro da média de servidores usados pela Marinha para a tarefa.

"O trabalho de fiscalização é aleatório, não podemos estar em todos os barcos ao mesmo tempo", disse. Ao falar sobre o acidente, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), afirmou que é necessário ter "um grau de fiscalização muito grande em todo o tipo de embarcação".

O comandante da Delegacia Fluvial de Brasília disse ainda não saber quando será feito o içamento do barco do fundo do lago, mas que só ocorrerá depois que todos os desaparecidos forem encontrados.

A Marinha abriu um inquérito para investigar os motivos do acidente, com prazo de conclusão de 90 dias.

O "Imagination" estava com o número de ocupantes acima da capacidade permitida, de acordo com o Corpo de Bombeiros. Segundo a major Vanessa Signale, o barco tinha autorização para navegar com 90 passageiros e dois tripulantes, mas ao menos 104 pessoas estavam a bordo.

A última vistoria feita na embarcação ocorreu em novembro, e foi atestado que ele estava em boas condições e tinha todos os itens de segurança, como boias e coletes salva-vidas. Passageiros relataram, porém, que ninguém usava os coletes na embarcação na noite de ontem.

As famílias que estavam na beira do lago foram orientadas a ir para o IML de Brasília para aguardar informações.

A mãe do bebê morto no naufrágio foi identificada apenas como Valdelice e permanece desaparecida. "Não temos mais esperança de encontrá-la viva", disse o cunhado, Joeci. O enterro do corpo do bebê só deverá ocorrer quando a mulher for encontrada.

Segundo Joeci, o marido de Valdelice e outra filha do casal estavam na embarcação, mas sobreviveram e estão fisicamente bem.

O "Imagination" havia partido de um clube e passava por outros recolhendo passageiros para uma festa que era realizada na própria embarcação. Ela enfrentou problemas quando passava próximo da ponte Juscelino Kubitschek.

Segundo relato de sobreviventes, o barco virou após uma lancha passar muito perto e provocar ondulações, mas as circunstâncias do acidente ainda estão sendo investigadas. O garçom Everaldo Sales da Silva, 43, negou que a lancha tenha provocado ondulações.

"Já ouvimos relatos de colisão, de problema, de explosão, mas isso é prematuro. Só teremos certeza com a perícia", afirmou o delegado titular do 10º DP, Adival Cardoso de Matos, que investiga o caso.

O comandante do barco, Airton da Silva Maciel, era habilitado para a função. Ele e o proprietário da embarcação foram ouvidos pela Polícia Civil e, segundo o delegado, afirmaram que o barco era legalizado.

Passageiros relataram que ninguém usava coletes salva-vidas na noite de ontem. O comandante afirmou que começou a distribuir os coletes assim que o problema começou, mas que o barco submergiu muito rápido, o que teria dificultado a distribuição.

No dia 22 de maio de 2010, o naufrágio de uma lancha com 11 pessoas no lago Paranoá resultou na morte de duas irmãs de 18 e 21 anos.

A embarcação estava superlotada e tinha capacidade para apenas seis passageiros. Após a tragédia, a Marinha informou que iria intensificar a fiscalização no lago, inclusive no período noturno.

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